domingo, 19 de agosto de 2012

Quem não dá o dizimo é ladrão? E quem rouba é o que ? Parte 6

Algumas considerações
sobre Melquisedeque



Muito tem sido criado
sobre o misterioso Rei de Salém (Jerusalém), em Gênesis 14, pelos mestres do
dízimo obrigatório. A realidade [porém] é que, no tempo de Abraão, dizimar era
uma prática pagã e um hábito voluntário especial de aceitar uma regra criada.
Usar o argumento de que o dízimo é hoje obrigatório porque Abraão o deu a
Melquisedeque é ridículo, pelas seguintes razões:


Primeira, Abraão
contribuiu com o dizimo voluntariamente os despojos de guerra, não a sua riqueza pessoal.


Segunda, não havia qualquer ordem dada por Deus no
sentido dele contribuir com o dizimo.


Terceira, Abraão já havia sido abençoado pela vitória que
Deus lhe dera (Hebreus 7:2; Gênesis 14:20,22,24). Nada existe na
Escritura que diga ter sido a bênção sobre Abraão o resultado do seu dízimo.


Quarta, o dízimo de Abraão foi um exemplo único.


A questão do sacerdócio de Melquisedeque é puramente judaica. Não é assunto
gentílico, visto como os gentios nada tinham a ver com o sacerdócio levítico.
Foram os judeus que tiveram problema em aceitar Cristo como o Sumo Sacerdote,
porque Ele era da Tribo de Judá e não da Tribo de Levi, da qual os judeus
haviam sido doutrinados que os sacerdotes deveriam sair. Essa é a razão do
autor de Hebreus ter discutido amplamente o assunto em sua Epístola. Os judeus,
obviamente, não podiam entender o sacerdócio de Cristo e o autor de Hebreus
tentou explicá-lo. [....] Lembrem-se que os levitas pagavam o dízimo do
dízimo
 aos sacerdotes. O autor de Hebreus tentou explicar aos judeus que a
Tribo de Levi ainda não havia nascido, estava no seio de Abraão e que eles, de
fato, pagaram o dízimo ao sacerdócio eterno de Melquisedeque, ao qual pertencia
Cristo, para assim reconhecer, mesmo indiretamente, o sacerdócio de
Melquisedeque. O autor estava tentando mostrar aos judeus que o sacerdócio
levítico era ineficiente e temporário, enquanto o de Melquisedeque era eterno e
melhor. Os levitas ainda não nascidos, ao pagar o dízimo através de Abraão,
não justificam uma doutrina obrigatória do dízimo, pelas quatro razões
supracitadas.


É difícil os gentios entenderem estes assuntos, por serem eles basicamente
irrelevantes à sua aceitação de Cristo. Os gentios não precisam tornar-se
judeus para se tornarem cristãos e Paulo deixou claro ser errado colocar sobre
eles o fardo das questões e obrigações judaicas.


Posso 
garantir que a legítima significação do aparecimento de Melquisedeque em
Gênesis 14 é porque Abraão havia
arriscado a vida para resgatar o seu sobrinho [Ló]. Este é o primeiro relato
bíblico de alguém tentando salvar um homem, com total altruísmo. Lembrem-se que
Abraão não poderia reter os despojos de guerra e recusou-se a fazê-lo. Sua
única motivação [para essa guerra] foi salvar o sobrinho. Após o registro desse
primeiro ato de altruísmo, repentinamente o Rei de Salém aparece com pão e
vinho [comunhão]. Abraão passara no teste por ter querido sacrificar-se pelo
próximo. Mais tarde, ele estaria concordando em sacrificar o próprio filho
[Isaque] e temos aqui novamente um tipo de Cristo em forma de sacrifício e
promessa. 



Isso não faz muito mais sentido bíblico do que tentar torcer a Escritura, a fim de fazer
parecer que Melquisedeque quis ensinar a obrigatoriedade do dízimo,
especialmente em vista dos demais assuntos discutidos neste documento?


Como era o dízimo no Antigo Testamento?
Que ensina a Bíblia sobre o dízimo sob a Lei Mosaica? Nesta
seção do nosso estudo, examinaremos todas as passagens significantes que
descrevam o dízimo sob a Lei, nas Escrituras.

Levítico 27:30-33: "Também todas as dízimas do
campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do SENHOR; santas são ao
SENHOR. 31 Porém, se alguém das suas dízimas resgatar alguma coisa,
acrescentará a sua quinta parte sobre ela. 32 No tocante a todas as dízimas do
gado e do rebanho, tudo o que passar debaixo da vara, o dízimo será santo ao
SENHOR. 33 Não se investigará entre o bom e o mau, nem o trocará; mas, se de
alguma maneira o trocar, tanto um como o outro será santo; não serão resgatados."


Note que, nesta passagem, o dízimo é descrito como sendo
parte do produto da terra, da semente do campo, do fruto das árvores, do gado,
e do rebanho. O dízimo não era o dar dinheiro. Em local algum das Escrituras
você encontrará que contribuir com o dizimo era o dar dinheiro para Deus. Ademais, o dízimo era
provavelmente dado em uma base anual. Cada ano, depois que a terra tinha sido
colhida, as pessoas traziam para os sacerdotes as décimas partes de suas
colheitas e do aumento na manada e no rebanho. Daí, penso que podemos
imediatamente ver que nossa contribuição semanal (ou mensal) de dez por cento
de nossa renda monetária difere muito da prática do dízimo que encontramos na
Bíblia.

Números 18:21-24 ["O Dízimo para os Levitas"]: E
eis que aos filhos de Levi tenho dado todos os dízimos em Israel por herança,
pelo ministério que executam, o ministério da tenda da congregação. 22 E nunca
mais os filhos de Israel se chegarão à tenda da congregação, para que não levem
sobre si o pecado e morram. 23 Mas os levitas executarão o ministério da tenda
da congregação, e eles levarão sobre si a sua iniqüidade; pelas vossas gerações
estatuto perpétuo será; e no meio dos filhos de Israel nenhuma herança terão,
24 Porque os dízimos dos filhos de Israel, que oferecerem ao SENHOR em oferta
alçada, tenho dado por herança aos levitas; porquanto eu lhes disse: No meio
dos filhos de Israel nenhuma herança terão
.

Note, neste texto, que o dízimo foi planejado para ser o
sustento dos levitas. Uma vez que estes não tinham nenhuma herança [terra para
atividade agro-pastoril] na Terra Prometida, tal como a tinham as outras
tribos, Deus fez provisão para o sustento deles através do dízimo das outras
famílias de Israel. De fato, em Números 18:31 somos ditos "E o comereis em
todo o lugar, vós e as vossas famílias, porque vosso galardão é pelo vosso
ministério na tenda da congregação." O dízimo foi o pagamento- recompensa
que Deus supriu para os levitas, pelos seus serviços sacerdotais. Isto é
similar ao sustento que os funcionários do governo recebem hoje no nosso país,
através dos impostos e taxas pagos pelo trabalhador comum.

Deuteronômio 14:22-27 ["O Dízimo para o
Festival"]: Certamente darás os dízimos de todo o fruto da tua semente,
que cada ano se recolher do campo. 23 E, perante o SENHOR teu Deus, no lugar
que escolher para ali fazer habitar o seu nome, comerás os dízimos do teu grão,
do teu mosto e do teu azeite, e os primogênitos das tuas vacas e das tuas
ovelhas; para que aprendas a temer ao SENHOR teu Deus todos os dias. 24 E
quando o caminho te for tão comprido que os não possas levar, por estar longe
de ti o lugar que escolher o SENHOR teu Deus para ali pôr o seu nome, quando o
SENHOR teu Deus te tiver abençoado; 25 Então vende-os, e ata o dinheiro na tua
mão, e vai ao lugar que escolher o SENHOR teu Deus; 26 E aquele dinheiro darás
por tudo o que deseja a tua alma, por vacas, e por ovelhas, e por vinho, e por
bebida forte, e por tudo o que te pedir a tua alma; come-o ali perante o SENHOR
teu Deus, e alegra-te, tu e a tua casa; 27 Porém não desampararás o levita que
está dentro das tuas portas; pois não tem parte nem herança contigo
.

Este texto fala de um dízimo sendo usado para prover para
as festas e festivais religiosos de Israel. Números 18:21 nos diz que Deus deu
todo o dízimo em Israel para ser a herança para os Levitas. Se todo o dízimo
foi dado aos Levitas, então como é que este dízimo (em Dt 14) é dito para ser
usado para as festas e festivais religiosos de Israel? A resposta tem que ser
que este é um segundo dízimo. O primeiro era usado para o sustento dos Levitas
e o segundo para prover para os festivais religiosos, tanto assim que chegou a
ser referido como "O Dízimo para o Festival". O povo de Israel devia
usar este dízimo para comer na presença do Senhor, em Jerusalém (o local que
Ele escolheu para estabelecer seu nome).

Se fosse demasiadamente incômodo para as pessoas de longe
trazerem seus dízimos todo o caminho até Jerusalém, seria permitido que elas o
vendessem e trouxessem o dinheiro [apurado] até Jerusalém, onde poderiam comprar
aquilo de necessidade para os festivais. Deus expressamente encoraja as pessoas
a gastarem o dinheiro deles em "tudo o que deseja a tua alma,"
incluindo bebida forte! O propósito era que o povo de Israel pudesse aprender
[ambas as coisas:] a temer o Senhor e a regozijar ante Ele. Note que ter um
sentimento de temor do Senhor, e regozijar ante Ele, não são mutuamente
exclusivos, mas, na realidade, são complementares, deveriam acompanhar um ao
outro! Este "Dízimo Para o Festival" tornou possível ao povo de
Israel ter toda a comida e bebida necessárias para que pudesse usufruir
gozosamente das festas religiosas de Israel, e adorar ante o Senhor.

Deuteronômio 14:28-29 ["O Dízimo para os
Pobres"]: Ao fim de três anos tirarás todos os dízimos da tua colheita
no mesmo ano, e os recolherás dentro das tuas portas; 29 Então virá o levita
(pois nem parte nem herança tem contigo), e o estrangeiro, e o órfão, e a
viúva, que estão dentro das tuas portas, e comerão, e fartar-se-ão; para que o
SENHOR teu Deus te abençoe em toda a obra que as tuas mãos fizerem.


Aqui, somos ensinados a respeito de um terceiro dízimo que
é coletado a cada terceiro ano. Os comentaristas Bíblicos estão divididos
quanto a se este é realmente um terceiro dízimo, em separado, ou apenas é o segundo
dízimo usado de um modo diferente, no terceiro ano. O historiador judeu
Josephus apóia o ponto de vista de que este foi um terceiro dízimo, em
separado. Outros antigos comentaristas judeus têm escrito em apoio a que é
[apenas] o segundo [tipo de] dízimo que, a cada três anos, era coletado e usado
com outro fim. É impossível se determinar com absoluta certeza quem está certo.
De qualquer modo, o povo judeu tinha sido ordenado a dar pelo menos [10 + 10 =]
20 por cento das suas colheitas e rebanhos, e talvez tanto quanto [10 + 10 +
10/3] = 23.3 por cento! Este dízimo particular bem poderia ser chamado "O
Dízimo para os Pobres". Não devia ser ajuntado em Jerusalém, mas nas
aldeias. As pessoas de cada aldeia deviam trazer uma décima parte de suas
colheitas e rebanhos e ajuntar tudo, para prover para os pobres da aldeia,
incluindo os estrangeiros, os órfãos, e as viúvas.

Em muitos aspectos, parece que o dízimo exigido sob a Lei é
hoje similar à taxação que o governo impõe sobre nós. Israel era governado por
uma teocracia. Sob ela, o povo era responsável por prover para os trabalhadores
do governo (os sacerdotes e os levitas em geral), para os dias santificados
(festas de alegria ao Senhor), e para os pobres (estrangeiros, viúvas e
órfãos).

Neemias 12:44: Também no mesmo dia se nomearam homens
sobre as câmaras, dos tesouros, das ofertas alçadas, das primícias, dos
dízimos, para ajuntarem nelas, dos campos das cidades, as partes da lei para os
sacerdotes e para os levitas; porque Judá estava alegre por causa dos sacerdotes
e dos levitas que assistiam ali.
 Note que o texto diz que os dízimos eram
exigências "da Lei".

Estes dízimos não eram voluntários como o foi nas vidas de
Abraão e Jacó. Similarmente, lemos em Hebreus 7:5 "E os que dentre os
filhos de Levi recebem o sacerdócio têm ordem, segundo a lei, de tomar o dízimo
do povo, isto é, de seus irmãos, ainda que tenham saído dos lombos de
Abraão."
 [Indiscutivelmente] o dízimo nunca foi voluntário, sob a Lei
de Moisés. Note, aqui, que, nos dias de Neemias, homens eram indicados para
ajuntarem as ofertas e os dízimos em câmaras designadas para aquele propósito
particular. Estas câmaras eram para os bens armazenados, e depois se tornaram
conhecidas como "casas do tesouro". Isto se tornará importante quando
olharmos para o nosso próximo texto, em Malaquias 3.

Malaquias 3:8-12Roubará o homem a Deus? Todavia vós me
roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e nas ofertas. 9 Com
maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim, toda esta nação. 10
Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha
casa, e depois fazei prova de mim nisto, diz o SENHOR dos Exércitos, se eu não
vos abrir as janelas do céu, e não derramar sobre vós uma bênção tal até que
não haja lugar suficiente para a recolherdes. 11 E por causa de vós
repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da vossa terra; e a
vossa vide no campo não será estéril, diz o SENHOR dos Exércitos. 12 E todas as
nações vos chamarão bem-aventurados; porque vós sereis uma terra deleitosa, diz
o SENHOR dos Exércitos.


Examinemos esta passagem verso por verso, para que dela
possamos extrair algumas importantes verdades.


Continua na ultima postagem...

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