Desde Sua encarnação até Seu batismo e desde o início de Seu ministério até a sua morte, o Senhor encontrou muitas dificuldades e passou por muitos sofrimentos. Após nascer, Maria O enfaixou e O colocou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria (Lc 2:7).
Quando menino, teve de fugir com José e Maria, para o Egito, pois Herodes O queria matar (Mt 2:13). Depois de batizado, foi levado para deserto, onde, depois de quarenta dias, teve fome e foi tentado pelo Diabo (4:1-11). Enquanto percorria as cidades, pregando o evangelho do reino, foi incompreendido pelos de Sua própria casa e rejeitado pelos de sua própria terra. Várias vezes quiseram apedrejá-lo. Ele foi caluniado por invejosos, odiado pelos religiosos, traído por um de seus discípulos que amava o dinheiro, abandonado por aqueles que professaram segui-lo até o fim. Além de tudo isso, Jesus também foi testado, escarnecido e entregue a líderes judeus para ser crucificado; Ele foi acusado e condenado injustamente, cuspido, esmurrado e esbofeteado; negado pelo discípulo que o amava, mas que não se conhecia. Jesus foi humilhado, escarnecido e fustigado pelo soldados romanos e entregue para ser crucificado por Pilatos, o governador romano, que atendendo ao pedido dos judeus liberou Barrabás, um salteador e homicida, e entregou Jesus à vontade deles para ser crucificado. Enquanto o conduziam, por causa dos vários ferimentos que sofrera dos escarnecedores e por a cruz ser muito pesada, Jesus não teve força suficiente para carrega-lá, por isso obrigaram um cirineu, chamado Simão, a carregá-la.
Jesus foi levado para um lugar chamado Calvário e ali o crucificaram entre dois malfeitores. A morte de cruz não era uma punição comum, mas um castigo muito doloroso, e era usada pelos romanos para punir os malfeitores. Era uma pena de morte bem mais cruel que a decapitação, que também era bastante severa. Certamente quem era decapitado sofria muito, mas era um sofrimento breve, ao passo que o crucificado sofria lentamente, podendo passar vários dias na cruz até que morresse.
AS PRIMEIRAS TRÊS HORAS NA CRUZ
“Antes de tudo, vos entreguei o que
também recebi: que Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as
Escrituras”
O Senhor Jesus ficou na cruz seis horas,
desde a hora terceira, equivalente ás nove horas da manhã, até a hora nona, isto
é, às três horas da tarde.
Nas três primeiras horas sua
crucificação, Ele sofreu por causa de nossos pecados, derramando Seu sangue.
Isaías diz: Ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas a
nossas iniquidades. Entretanto, mesmo tendo sofrido muito nesse período de três
horas, Ele contava com a presença do Pai.
O evangelho comumente pregado sempre
apresenta essa verdade. Nós também, no passado sempre apresenta essa verdade.
Nós também, no passado, entendíamos que a morte do Senhor se limitava apenas ao
perdão de pecados. Em Hebreus 9:22 lemos: “Com efeito, quase todas as coisas,
segundo a lei, se purificam com sangue; e, sem derramamento de sangue. De acordo
com a lei, nós é que deveríamos derramar nosso sangue, pois somos pecadores,
contudo por causa de Seu grande amor, o Senhor Jesus derramou Seu próprio sangue
em nosso lugar.
É um fato extraordinário que, mesmo
crucificado, o Senhor Jesus ainda estava muito ativo em Sua missão de salvar e
cuidar daqueles que o Pai Lhe havia dado.
Ele não somente demonstrou compaixão
pelo malfeitor que havia sido crucificado ao Seu lado, como também cuidou de
maneira amorosa de Seus discípulos que estavam junto à cruz. Sobre este último,
João nos deixou detalhes que não haviam sido registrados nos outros
evangelhos.
O evangelho de João foi escrito quase
sessenta anos depois de Mateus ter escrito o dele, e nessa época João já era de
idade avançada. No início da obra registrada no livro de Atos, João sempre
acompanhava Pedro (At 1:13;3:1;4:13;8:14). No ano 60, depois de ter sido
sentenciado à morte pela a lei romana, Pedro foi martirizado. Apesar de sempre
acompanhar Pedro, João não era o réu principal e talvez por isso não foi morto,
mas colocado em exílio na ilha de Patmos. Deus o preservou para que escrevesse
Apocalipse, seu evangelho e as epístolas (Ap 1:9).
João descreveu de maneira muito especial
o que ocorreu na crucificação do Senhor: “E junto à cruz estavam a mãe de Jesus,
e a irmã dela, e Maria, mulher de Clopas, e Maria Madalena”. A riqueza de
detalhes contida no relato de João sobre a crucificação se deve à sua
proximidade da cruz. Por soberania de Deus, ele tinha certo grau de parentesco
como sumo sacerdote, por isso, quando o Senhor Jesus foi preso, pôde estar perto
Dele.
Quando o Senhor Jesus foi crucificado,
os discípulos não tiveram coragem de se aproximar Dele, pois tinham medo de se
aproximar Dele, pois tinham medo de ser reconhecidos como aqueles que haviam
andado com Ele. Mateus, assim como os demais discípulos, fugiu quando o Senhor
foi preso, por isso não estava próximo da cruz (Mt 26:56). O evangelho de Marcos
é o registro dos relatos de Pedro.
Pedro, entretanto, não podia se
aproximar do Senhor porque as pessoas o reconheciam. Quando o Senhor foi preso,
ele o seguiu, porém de longe(V.58). Depois, quando negou o Senhor três vezes,
muito entristecido, saiu dali. Lucas, por outro lado, não viu os fatos, mas
verificou pelos relatos de testemunhas como cada um deles aconteceu e
compilou-os em seu evangelho. Esse é o diferencial de João: por seguir de perto,
ele viu e registrou com detalhes os acontecimentos da crucificação do Senhor
Jesus, pois estava junto a cruz. Por exemplo, apesar de estar registrado nos
demais evangelhos que as mulheres que seguiam Jesus desde a Galileia para
servi-Lo estavam ali observando de longe (Mt 27:55; Mc15:40; Lc 23:49), João
pôde lembrar-se de fatos sobre a morte do Senhor que haviam ocorrido quase
setenta anos antes. “Vendo Jesus sua mãe e junto a ela o discípulo amado, disse:
Mulher, eis aí teu filho”(V.26). O filho a quem o Senhor se referia era
João , a quem logo demais também disse: “Eis aí tua mãe” (V.27a). Como
o Senhor estava com as mãos pregadas na cruz, a expressão “ Eis aí” indica que
Sua mãe e João estavam muito próximos Dele.
Depois da ressureição do Senhor, Seus
seguidores passaram a ter um relacionamento espiritual entre si, incluindo João.
de acordo com a palavra que o Senhor lhe falara, João passou a relacionar com
Maria como filho, e esta, por consequinte, como sua mãe. Nesse mesmo princípio,
nós, como as “Marias” de hoje, também temos muitos filhos que o Espírito nos
deu, como também temos muitas mães espirituais (Cf.1 Tm 1:2; Tt 1:4; Rm 16:13).
Esse relacionamento espiritual adveio da morte e ressureição do Senhor, isto é,
veio por meio da vida de Deus que ganhamos.
Nós que cremos no Senhor Jesus recebemos
a mesma vida eterna e nos tornamos filhos de Deus (Jo 1:12; Gl 3:26). Por meio
dessa vida nos tornamos irmãos uns dos outros e devemos amar uns aos outros (Fm
10, 15-16; 1 Jo 4:21). Nosso relacionamento é novo, pois é baseado na vida de
Deus, e não em parentesco carnal. O próprio Senhor Jesus não se envergonha de
nos chamar de irmãos (Hebreus 2:11; cf. Jo 20:17). Agora estamos na igreja,
vivendo como igreja em Filadélfia , cujo nome significa amor
fraternal. Por meio da vida de Deus temos muitos irmãos, irmãs, mães e
filhos espirituais. Esse é um fato importante, registrado por João em seu
evangelho, sobre o que aconteceu durante as três primeiras horas na cruz, que os
demais evangelhos não registraram.
AS ÚLTIMAS TRÊS HORAS NA CRUZ
“Por volta da hora nona, clamou Jesus em
alta voz, dizendo: Eli, Eli, lamá sabactâni? O que quer dizer: Deus meu, Deus
meu, por que me desamparaste?” (Mt 27:46).
O Senhor, depois de derramar Seu Sangue
nas primeiras três horas para nos redimir de nossos pecados, ainda ficou ali
mais de três horas. E foram nessas últimas três horas que o Senhor clamou: “Eli,
Eli, lamá sabactâni?.”Que quer dizer: Deus meu, Deus meu, por que me
desamparaste?”
Rigorosamente falando, as primeiras três
horas da crucificação do Senhor não foram o momento de maior sofrimento porque o
Pai estava com Ele. Seu maior sofrimento ocorreu nas últimas três horas. Desde a
hora sexta até a hora nona, houve trevas sobre toda a terra (Lc 23:44). Isso
ocorreu porque Ele precisa solucionar outro problema: o de nossa vida natural,
nossa vida da alma. Nessas últimas três horas, como nosso Cordeiro pascal, Ele
foi “assado” no fogo (Êx 12:8-9).
Essas horas de grande sofrimento na cruz
foram descritas em Salmos 22. Por causa, Ele sofreu muito mais: O pai O
desamparou e, interiormente, ele provou o fogo que queima, a ponto de
derramar-se como água e de seu coração derreter-se como cera: “Derramei-me como
água, e todos os meus ossos se desconjuntaram; meu coração fez-se como cera, e
derreteu-se dentro de mim. Secou-se o meu vigos, como um caco de barro, e a
língua se me apega ao céu da boca; assim, me deitas no pó da
morte”(Vs.14-15).
Esses versículos de Salmos 22 d
escrevem, profeticamente, a situação da
morte do Senhor Jesus na cruz. Neles não temos a menção “sangue derramado”, mas
“derramei-me como água”, isto é, a água foi-se embora, Dele saiu água. A água
desapareceu por cauda do fogo interior que o queimava. Quando o Salmista disse:
“Meu coração fez-se como cera, derreteu-se dentro de mim”, estava se referindo
ao fogo do julgamento que estava sofrendo por nossa causa.
Assim como o cordeiro da Páscoa não
poderia ser comido cru ou cozido, mas assado (Êx 12:9), o Senhor Jesus, como o
verdadeiro Cordeiro pascal, estava na cruz sendo “assado”. Seu sofrimento, no
entanto, não se limitava ao derramamento de sangue para a remissão de pecados,
mas também a ser “assado”, isto é, abandonado pelo Pai e julgado para salvar a
nossa alma. O Senhor estava pendurado vivo no madeiro, passando pelo “fogo”,
sofrendo por causa de cada um de nós. Tamanho era seu sofrimento que chegou a
dizer que tinha sede (Jo 19:28). Segundo Isaías, enquanto o Senhor Jesus estava
ali na cruz, sofrendo, algo o motivava a não desistir: “Ele verá o fruto do
penoso trabalho de sua alma e ficará satisfeito”(53:11a). Louvado seja o Senhor
por tão grande amor!
SANGUE E ÁGUA
O Senhor Jesus morreu no final da tarde de uma sexta-feira e, considerando-se que para os judeus às seis horas da tarde é o inicio do dia seguinte, em poucas horas já seria o início do Sábado. Para que no Sábado os corpos não ficassem na cruz, pois de acordo com a lei dos judeus não se podia fazer nenhum esforço naquele dia, e não sabendo que Jesus já havia morrido, os judeus pediram que se lhes quebrassem as pernas, a fim de que morressem mais rápido e fossem tirados da cruz (Jo 19:31).
Seguindo esse pedido, os soldados, após quebrarem as pernas dos ladrões que com Ele tinham sido crucificados, aproximaram-se do Senhor Jesus e, como notaram que Ele já estava morto, não lhe quebraram as pernas (Vs 32-33).
Dessa forma se cumpriu o que já havia sido profetizado e estava nas Escrituras a Seu respeito: “ Nenhum dos seus ossos será quebrado[…] Eles verão aquele a quem traspassaram”. Um dos soldados, contudo, abriu o lado do Senhor com uma lança, e logo saiu sangue e água (Jo 19:34). Para os que estavam distantes da cruz, era possível, pois, como mencionado anteriormente, ele estava muito próximo da cruz.
Dos quatro evangelhos, somente o de João registrou que do lado do Senhor além de sangue também saiu água. O sangue derramado pelo Senhor Jesus foi para nos redimir de nossos pecados e a água refere-se à vida divina que foi liberada para nos dar vida eterna. Não foi somente sangue que saiu, mas também água. Somente alguém que está muito perto consegue ver a água; quem está longe só verá o sangue.
No versículo 35 do capítulo 19, João prossegue: “ Aquele que isto viu testificou, sendo verdadeiro o seu testemunho; e ele sabe que diz a verdade, para que também vós creiais”.
A água que saiu do lado do Senhor Jesus, mesmo sendo em pequena quantidade, tipifica a vida divina; ela é essencial e importante, por isso João fez questão de mencioná-la.
João já havia mencionado a importância da água no capítulo 3: “ Respondeu Jesus: Em verdade, em verdade te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no reino de Deus” (V.5). Esse versículo é parte do diálogo do Senhor Jesus com Nicodemos sobre nascer de novo.
João voltou a mencionar a água no capítulo 7, em que lemos: “ Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva” (V.38). Esses rios de água viva se referem ao Espírito que haviam de receber os que Nele cressem. A água citada em João 7 equivale ao que Paulo falou em Efésios 5: “ Para que santificasse, tendo-a purificado por meio da lavagem de água pela palavra”(V.26). Essa lavagem de água pela palavra se destina a tirar toda mancha e ruga.
A partir da água que saiu do lado do Senhor em Sua crucificação, nós nascemos de novo, fomos regenerados.
Por outro lado, por termos crido no Senhor, recebemos o Espírito que flui do nosso interior como rios de água viva para lavar-nos de toda ruga e mancha do velho homem e saciar nossa sede(Jo 7:37).
NÃO ESTRANHAR O FOGO
ARDENTE
“Amados, não estranheis o fogo ardente
que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa
extraordinária vos estivesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida
em que sois co-participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também na
revelação de sua glória, vos alegreis exultando” (1 Pedro 4:12-13).
Depois de Sua morte e ressurreição, o
Senhor Jesus tornou-se o Espírito que dá vida. Quando cremos em Seu nome, nós O
recebemos em nosso espírito e nascemos de novo. Por meio do crer é nos nos dada
a autoridade de sermos feitos filhos de Deus, de nascer de Deus (Jo 1:12-13). Em
Sua crucificação vemos essa realidade, pois do Seu lado saíram sangue e água.
Essa água é a vida de Deus que foi liberada a nós a fim de que pudéssemos nascer
Dele (19:34).
Ao pregar o evangelho do reino, nosso
enfoque principal deve ser a vida. Podemos dizer que a maioria dos cristãos
somente conhece o evangelho da graça, que tem como finalidade levar o homem a
aceitar o Senhor e, por fim, regenera-lo, isto é, fazê-lo nascer de novo. Hoje a
maior carência dos cristãos é o evangelho do reino, que tem como encargo levar
os regenerados a crescer em vida. Devemos ajudar nossos irmãos em Cristo a
perceber que uma pessoa que tem a vida de Deus, mas não cresce nessa vida, não
pode entrar na manifestação do reino como vencedor para reinar (Mt
7:21)
Por meio do novo nascimento nos tornamos
filhos de Deus, mas para reinar com Cristo é necessário sofremos com Ele (Rm
8:17). De uma maneira prática, para ganhar mais da vida da alma. O apóstolo
Paulo sempre relacionou a glória que iremos desfrutar no futuro, reinando com
Cristo, aos sofrimentos do presente por que precisamos passar (V 18; 2 Co
4:17).
A experiência de Pedro nos confirma essa
necessidade. Á medida que sua vida da alma era exposta e queimada, ele passava a
ter mais condições para reinar com o Senhor. Em sua primeira epístola ele nos
diz que essas experiências são comparadas com o refinar do ouro pelo fogo
(1:7). Quando a temperatura aumentava, suas impurezas eram expostas e Deus as
removia para que nele restasse somente natureza divina . Enquanto as impurezas
da alma estão misturadas com a natureza de Deus, ela não só nos impedirão de
reinar, como também comprometerão a edificação da igreja.
Para finalizar, meus caros amigos e
irmãos, vamos viver um evangelho puro e simples. A igreja não é do homem, a
igreja é do Senhor Jesus.
Somos pastores não da igreja mas sim na
igreja.
Que Deus vos abençoe sempre
juntos
PR. Sergio Henrique Gomes
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